IFBA - Jequié,
um engodo
em educação?
Devido
à necessidade de suprir a carente mão de obra especializada em alguns setores
da indústria, no ano de 1909 foram criados, em todo o Brasil 19 centros de
ensino profissionais denominados “Escolas de Aprendizes Artífices”, objetivando
assim formar operários dotados de conhecimento técnico através de ensino
prático. Nos 100 anos de história destes centros de ensino, eles passaram por
profundo processo evolutivo com reformulação de sua estrutura funcional,
promovendo interação social cidadão-indústria, bem como a realização
profissional de seus egressos.
Abordando
rapidamente o contexto histórico do Centro de ensino em nosso estado, notamos
que desde a sua fundação, a então “Escola de Aprendizes Artífices da Bahia”,
que oferecia cursos de alfaiataria, encadernação, ferraria, sapataria e
marcenaria e cujo nome perdurou até o ano de 1937, apresentou relativa evolução
na oferta de cursos e aumento em número de alunos interessados nas práticas
ofertadas pela escola, tais reformulações culminaram com a mudança na
nomenclatura da instituição por diversas vezes, sendo as mais significativas, “Escola
Técnica Federal da Bahia”, “Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia” e
atualmente em “Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia da Bahia”. Ao
gosto e olhos dos gestores estamos sempre submetidos a mudanças... mudanças...
mudanças... Que nada resolvem!
Por
volta do ano de 2006, articulou-se de maneira aberta a população, a criação do
campus de Jequié, e de várias outras unidades em cidades no interior do estado,
fato este que só foi consolidado após um conturbado processo licitatório,
incorrendo até em anulação do mesmo por irregularidade cometida pelas empresas
vencedoras. Felizmente a reitoria juntamente com a Controladoria Geral da União
detectou a farsa a tempo de efetuar correção. Curiosamente, tudo que é bom para
nossa cidade tem entraves terríveis até a efetivação da instalação (realmente
esta cidade tem uma cabeça de jegue enterrada na sua entrada).
Focando
o campus de Jequié, depois de concluída a construção apressou-se em efetuar o
processo seletivo para que as atividades do Campus fossem de fato
inicializadas, cerca de 5mil jovens e adultos efetuaram as inscrições para o
referido processo, afoitos e extasiados, diante da prerrogativa de estudar numa
instituição altamente qualificada e de renome nacional. Na aula inaugural em
março de 2011, os alunos, pioneiros desta unidade, fitavam professores e a direção,
ouvindo atentamente seus discursos, os quais descreviam as diretrizes do Campus
e o impacto que causaria na sociedade. Hoje, aproximadamente 8 meses após a inauguração e o final de um
semestre corrido, atropelado, de ementa semi-cumprida em algumas disciplinas,
enfrentei a primeira greve. Todos os dias ao me aproximar da unidade, observo a
partir da BR-116 a pomposa construção localizada no topo da colina, por vezes tenho
a sensação de que a cidade foi realmente contemplada com uma das mais antigas e
conceituada instituição de ensino federal, imponente, bela, em sua casca
exterior, mas funcional como um bambu, ou seja, totalmente oca. Apesar de
possuir excelentes profissionais dotados de elevados conhecimentos didáticos, a
instituição não possui equipamentos em seus laboratórios, não possui
professores para todas as disciplinas. Então subo a colina triste, desmotivado,
vendo ruir o meu sonho de ser um técnico altamente qualificado, formado por uma
instituição federal, a qual almejava freqüentar desde quando morava na capital,
mas, devido a necessidade de trabalhar muito mais que deveria, me foi cerceada
tal oportunidade, vejo que eventualmente num concurso público será impossível
concorrer de forma similar com egressos de outros campi como, por exemplo, o de
Vitória da Conquista. Tenho noção de que o conhecimento se faz também de forma
autodidata, mas o mercado exige pessoas comprovadamente
capacitadas, e para as disciplinas sem professores, como ficaria o meu
currículo? Tosco? Ceifado? igualzinho a moral de quem conduz a política educacional
no país?
Caros
colegas, reflitam, exerçam o seu direito de cobrança, não se deixem levar
apenas pelas promessas, dentro em pouco tempo vocês serão profissionais em
campo com elevado grau de responsabilidade técnica, e diante da atual situação
do curso de eletromecânica, você acha que seríamos dotados de conhecimento
compatível com tal necessidade?
Luciano
Silva – aluno modulo II curso eletromecânica/2011
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