segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O Herói definhando

O homem sozinho, outrora alegre, sentado no banco daquele elevado, admirava o vai e vem das pessoas na cidade, observava atentamente o fluxo de carros e pessoas sobre a ponte, tal qual formiguinhas no exercício laboral diário. Já havia se passado algumas décadas desde sua chegada a este plano, sua visão já não era a mesma, a audição apresentava cortes em faixas específicas do espectro audível ao ser humano, os cabelos teimavam em ficar cada vez mais esbranquiçados, o corpo já apresentava os sinais do cansaço pela busca constante da manutenção de sua família, esforço este que o fazia resistente a doenças que o pudesse afastar de suas obrigações, mas ele amava o que fazia, e corria exasperadamente atrás de seus sonhos aqui e ali, se dedicando a cada atividade que lhe era atribuída, queria que não faltasse nada no seu lar. Mesmo lutando para manter o amor e a alegria, ele sucumbiu aos pensamentos que o afligia todos os dias de anos atrás, sua mente foi degradando, a memória reduzindo, e em meio a cobrança do cotidiano ele definhou, definhou... o homem alegre foi abduzido para o espaço, esperando um astronauta, ou alguém que o traga de volta...

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